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  • Foto do escritorAryanne Soares

Um cão Andaluz (1929)


No verão de 1929, uma plateia parisiense se reuniu para a exibição de um novo filme. Nos bastidores, o diretor esperava com um balde cheio de pedras para atirar nos espectadores caso a película fosse mal recebida. Na tela, uma navalha é amolada em um afiador de couro. Um homem com um cigarro pendurado na boca testa a lâmina no polegar, vertendo sangue. Uma jovem encara a platéia invisível, inexpressiva. A mão do homem separa suas pálpebras. Uma lua cheia paira no céu e uma nuvem pontuda passa por ela. A navalha corta o globo ocular.


Em sua autobiografia, Luis Buñuel descreve como ele e o artista Salvador Dalí trabalharam em Um Cão Andaluz: "Nossa única regra era muito simples: não aceitaríamos nenhuma ideia ou imagem que pudesse se prestar a uma explicação racional de qualquer espécie. Precisávamos abrir todas as portas da irracionalidade e manter apenas as imagens que nos surpreendiam, sem tentarmos explicar por quê." O filme oferece a ilusão de uma narrativa: ele começa com a mais simples de todas as invocações de uma história, "Era uma vez...", e esse intertítulo impõe uma cronologia arbitrária e sem sentido.


A película é um fluxo de imagens subversivas: um homem semitravestido, com uma touca e um saiote sobre um terno, anda de bicicleta pelas ruas de Paris; uma jovem enigmática cutuca uma mão decepada caída na rua; formigas saem de um buraco na palma da mão de uma pessoa viva; para alcançar o objeto do seu desejo, um homem precisa puxar arreios presos a dois padres e dois pianos de cauda, cada qual com um jumento morto em cima. Um Cão Andaluz pode não ter sido o primeiro filme surrealista, mas é um marco para o movimento que o inspirou.


Fonte: Tudo Sobre Cinema

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