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  • Foto do escritorAryanne Soares

Nosferatu, uma sinfonia do horror (1922)


Do início ao fim de Nosferatu, uma sinfonia do horror, escreveu o crítico Belá Balázs, "podemos sentir soprar um vento gélido, vindo do além". Desde então, incontáveis versões da história de Drácula foram realizadas, muitas com grande sofisticação técnica, porém o filme de F.W. Murnau continua sendo o mais perturbadoramente sobrenatural. Em determinado momento, quando o herói está se aproximando do castelo sinistro, a imagem fica em negativo, com árvores brancas espectrais balançando seus galhos como se a própria natureza houvesse tido suas energias sugadas. Duas breves sequências filmadas em câmera rápida fazem com que os personagens se movam com uma velocidade frenética. Durante a maior parte do tempo, Murnau recorre a planos ligeiramente enviesados e ângulos de câmera desconcertantes para transmitir uma sensação de ameaça.


O vampiro de Max Schereck é inesquecivelmente grotesco desde o início, sem nada do verniz de urbanidade de Bela Lugosi ou Christopher Lee. Alto, magro como um cadáver, careca, com orelhas de morcego e dentes de coelho, ele se move por meio de passinhos convulsivos, com as mãos em forma de garras coladas aos lados do corpo, como se nunca conseguisse se libertar do formado de seu caixão diurno. O efeito é quase ridículo, arrepiante e até deplorável - a intensidade com que a criatura precisa de sangue, de calor humano, parece beirar a agonia.


Após O Gabinete do doutor Calligari quase todos os filmes de terror alemães do período eram claustrofóbicos, filmados em estúdios e repletos de sombras pesadas e cenários expressionistas distorcidos. Nosferatu, por sua vez, foi quase todo filmado com toadas em locação, utilizando-se de paisagens montanhosas e das ruas tranquilas de cidades antigas do norte da Alemanha. Conforme sugere o crítico David Thompson, "a grandeza de Murnau está na compreensão de que é possível retratar o mundo real e ainda assim investi-lo de uma série de qualidades poéticas, imaginativas e subjetivas."


Fonte: Tudo Sobre Cinema

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