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O Falcão Maltês, de Dashiell Hammett, marcou a estreia de John Huston da direção e foi o filme que tornou seu nome e o de Humphrey Borgart famoso. Ele fundamentou o tema da busca amaldiçoada, recorrente na obra de Huston: um grupo de pessoas em busca de um objetivo que, no fim prova-se inatingível ou ilusório. Trabalhando também como roteirista, ele interferiu o mínimo possível no texto original de Hammett, criando um estilo e uma atmosfera que eram simplesmente uma versão cinematográfica do material já existente.
Huston reuniu um elenco sem igual para contar essa história de ambição, corrupção e assassinato, incluindo Bogart, o ator ideal para interpretar o investigador Sam Spade. o papel serviu para definir sua imagem cinematográfica com um homem insensível, cínico e desiludido por conta de toda uma vida de lições aprendidas a duras penas e sonhos desfeitos. O filme conta com uma vasta galeria de vilões: Mary Astor é uma femme fatale sedutora e ambígua; Sydney Greenstreet interpreta o bombástico vilão Kasper Gutman; o eterno bode expiatório Elisha Cook Jr. é o aliado nervoso e quase psicótico de Gutman; e Peter Lorre aparece como o ambicioso e afeminado Joel Cairo.
Outra decisão inteligente foi contratar Arthur Edeson como diretor de fotografia. A iluminação repleta de contrastes e os enquadramentos distorcidos de Edeson criam uma atmosfera inquieta e melancólica. Huston criou sua obra-prima apesar de um cronograma de filmagens de apenas seis semanas e um orçamento modesto. Ele optou por filmar tudo em sequência, criando, assim, uma sensação realista de continuidade. As filmagens começaram num ritmo relativamente tranquilo, com a tensão aumentando proporcionalmente á velocidade, um artifício que ganha destaque com a trilha sonora atmosférica de Adolph Deutschk.
Fonte: Tudo Sobre Cinema
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