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  • Foto do escritorAryanne Soares

A Regra do Jogo (1939)


À primeira vista, A Regra do Jogo, de Jean Renoir, pode parecer um mero entretenimento fútil - uma comédia romântica de erros leve e formalista. No entanto, aos poucos o verniz de futilidade se dissipa, revelando um panorama amargo de instabilidade moral à medida que a França se encaminha para a guerra: um retrato, nas palavras de Renoir, de "uma sociedade dançando à beira do vulcão".


O filme se passa quase todo na mansão do marquês Robert de la Chesnaye (Marcel Dalio), que está dando uma festa ali com sua esposa, Christine (Nora Gregor). Entre os convidados estão o intrépido aviador Jurieux (Roland Toutain) - que é perdidamente apaixonada or Christine - e seu amigo Octave, um músico fracassado, interpretado pelo próprio Renoir. Marceu (Julien Carette), recém contratado como servente - e que costuma invadir propriedades particulares para caçar - , se interessa por Lisette (Paulette Dubost), criada por Christine, despertando a fúria do marido da serviçal, o ciumento guarda-caça Schumacher (Gaston Modot).


Neste filme formalmente complexo, um trabalho de câmera elegante e coreografias frenéticas transformam o corredor da mansão em uma mistura de labirinto e palco de vaudeville, ao passo que a maneira como o som é gravado serve de contraponto para a teatralidade evidente, criando um efeito desorientador de diálogos que "se atropelam". A famosa sequência de caça, com suas tomadas longas e atmosfera semidocumental, revela a brutalidade e a frieza por trás da aparente elegância dos personagens.


Mal recebido em seu lançamento, o filme foi proibido pelo governo francês por seu suposto efeito desmoralizante. Radicalmente editado, sua versão original só seria redescoberta no final da década de 1950. Reverenciado pelos diretores da nouvelle vague, continua sendo uma obra sutilmente desconcertante e prazerosa de se ver.


Fonte: Tudo Sobre Cinema

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